- Insurgência Reconstrução Democrática
- 12 de ago. de 2024
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A extrema direita segue avançando, apesar dos importantes resultados eleitorais obtidos pelos Trabalhistas na Inglaterra e, principalmente, pela Nova Frente Popular na França. Entretanto, uma nova vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA trará consequências trágicas para o mundo, com seu programa radical a favor das indústrias do petróleo e da guerra, fim das leis de proteção climáticas e perseguição a imigrantes. Alimentada pelas guerras, pela crise econômica e pela ameaça de colapso ambiental, a escalada da extrema direita coloca na ordem do dia a urgência de um polo de esquerda coerentemente antissistêmico e internacionalista.
No Brasil, os desafios são da mesma natureza. A derrota eleitoral de Bolsonaro em 2020 não representou o fim da polarização política. O bolsonarismo segue forte e o terceiro governo Lula não consegue ir além de tímidas medidas de interesse social, tendo virado refém dos interesses fisiológicos do Centrão no parlamento, sem capacidade nem vontade de apelar à mobilização dos movimentos sociais para fazer pender a balança da luta de classes a favor do andar de baixo. Se essa rota não for corrigida, será grande o perigo de um retrocesso em 2026, com o risco da extrema-direita retornar ao comando do país.
No Ceará, a exemplo do plano federal, temos um governo eleito com total apoio das forças populares, inclusive do PSOL, mas que também não consegue fazer dos compromissos de campanha a realidade de sua política de governo. Em vários momentos, o governo Elmano de Freitas (PT) comportou-se contrariamente ao esperado por sindicatos e movimentos sociais. Tem sido assim na manutenção dos incentivos fiscais às grandes empresas, na criminalização das greves dos professores das universidades estaduais, na gestão neoliberal do Estado (penalização dos servidores, desvinculação de receitas), nas políticas ambientais e de segurança pública. De forma coerente, a representação parlamentar do PSOL CE, através do deputado Renato Roseno, votou contra todas as mensagens governamentais contrárias aos interesses populares e da classe trabalhadora.
Da mesma forma, em Fortaleza temos enfrentado as péssimas políticas da gestão de José Sarto (PDT), através da nossa combativa bancada municipal, formada pela mandata coletiva Nossa Cara (co-vereadoras Adriana Gerônimo, Louise Santana e Lila Salou) e pelo mandato do vereador Gabriel Aguiar.
Tudo isso redobra o papel do PSOL como alternativa política. A unidade com o restante da esquerda não pode estar em contradição com nosso programa e acúmulos, fundamentais para a luta por uma nova hegemonia na sociedade brasileira.
O PSOL nas eleições de 2024
Em tempos tão difíceis, as eleições deste ano ganham ainda mais importância. A extrema direita se articula para avançar no número de prefeituras e parlamentares municipais, na expectativa de pavimentar o retorno à Presidência em 2026. O caminho para impedir esse retorno não pode ser o da ampliação em direção às oligarquias locais e forças políticas conservadoras e a flexibilização programática. Infelizmente, esse tem sido o caminho da maior parte da esquerda.
O papel do PSOL não pode reduzir-se a um seguidismo cego. As razões que justificaram a criação do nosso partido seguem atuais, apesar das mudanças da conjuntura. Sem o PSOL, quem vai denunciar o capitalismo e defender os interesses imediatos e históricos da maioria explorada e oprimida? Por isso, onde for possível, nosso partido não deve abrir mão de suas candidaturas nem dissolver-se em coligações fora da esquerda. Por esse motivo, nos opomos às coligações com os partidos da ordem, inclusive em municípios onde dialogamos positivamente com a militância local. Na Executiva do PSOL CE, nossa tendência, de forma coerente, votou contra todas as coligações com partidos fora do arco da esquerda.
Em Fortaleza, sabemos muito bem das dificuldades a vencer. Antes de mais nada, entendemos que a nossa tática deve estar orientada para a manutenção e ampliação da nossa combativa bancada parlamentar. Foi com esse objetivo que sustentamos nossa candidatura majoritária em 2020, contra todas as dificuldades, o que confirmou-se como uma política acertada. Assim, defendemos desde o início que o PSOL tivesse candidatura própria à Prefeitura de Fortaleza também em 2024, em razão da qual apoiamos a então pré-candidatura da professora e mulher trans, Maya Elis, infelizmente preterida na disputa interna, e agora defendemos o voto no candidato do nosso partido, a despeito de todas as diferenças que mantemos com Técio Nunes e seu grupo político.
Seguir disputando o futuro
Continuamos acreditando que nosso partido segue sendo o partido necessário. A crise capitalista nos rouba direitos e coloca o mundo sob a ameaça do colapso social e ambiental, e somente a luta coletiva pode apontar um novo futuro.
Nessas eleições, portanto, vamos votar, sempre e onde for possível, nas candidaturas do PSOL. Onde o PSOL não tiver candidaturas majoritárias - ou onde o partido apoiará candidaturas coligadas com partidos da direita e da extrema-direita -, priorizaremos o diálogo com os setores que têm referência e intervenção nos movimentos sociais organizados, tendo em vista o fortalecimento e enraizamento nas lutas populares.
Mas a luta não se limita às eleições. É preciso que a luta pelo voto se encontre com as demais lutas do nosso povo. É preciso sair dessas eleições mais fortes para fazer crescer também nossa força social, através da presença organizada da nossa militância nos movimentos sociais e também no nosso partido.
Seguiremos em frente, a despeito das dificuldades, dos ataques, queimações, calúnias e golpes, venham de onde vier. Vamos à luta, construindo um PSOL de base e de luta, contra a ordem e por uma saída popular, anticapitalista e ecossocialista!
INSURGÊNCIA (Reconstrução Democrática) - Regional Ceará