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Encontro Ecossocialista Internacional aponta desafios e propostas para enfrentar a crise

  • Foto do escritor: Insurgência Reconstrução Democrática
    Insurgência Reconstrução Democrática
  • 30 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Por Vanessa Dourado



 O VI Encontro Ecossocialista Internacional e o I Encontro Ecossocial Latino-americano e Caribenho foram realizados em Buenos Aires, nos dias 9, 10 e 11 de maio. Foi o primeiro encontro ecossocialista internacional a ser realizado fora do continente europeu e também o primeiro a reunir o movimento ecossocialista para um debate franco sobre a confluência de crises do capitalismo, os desafios da alternativa socialista nos tempos atuais e uma proposta de programa que possa orientar o movimento, em um contexto de crise civilizatória agravado pelos eventos extremos, em consequência das mudanças climáticas.

 

O primeiro debate entre organizações, que contou com a participação de 60 representantes de 15 países, colocou em evidência a necessidade de caracterizar o sujeito revolucionário para além da ideia de “povo” - mencionado em muitas intervenções. Problematizou as mudanças na classe trabalhadora e destacou os setores mais dinâmicos dentro da luta anticapitalista na atualidade. Entre estes setores, as feministas, os territórios em luta e a nova classe trabalhadora foram apontados como centrais. 

 

A atual fase do capitalismo foi caracterizada como em caos. Sua crise estendida gera uma ofensiva que tem como eixos visíveis: a aceitação da crise climática com o objetivo de gerar lucro, o crescimento e a organização da extrema-direita e a continuidade e aprofundamento do capitalismo racializado.

 

A crise da alternativa socialista foi analisada a partir da compreensão de que, durante o século XX, não houve um “socialismo pleno” e que esta alternativa entrou em crise. As experiências da Venezuela, Equador e Bolívia foram destacadas, assim como o chamado Socialismo do Século XXI. Entretanto, foi concluído que estas alternativas não avançaram e terminaram por seguir uma lógica extrativista na região. Neste sentido, e apontando a contradição dos governos do ciclo progressista, se compreende que há uma oportunidade para que o ecossocialismo seja visto como uma alternativa superadora.

 

Foi destacada a necessidade de radicalizar as lutas territoriais, de forma que as experiências que já estão sendo realizadas, como a agroecologia e a produção comunitária, sejam entendidas como condição de possibilidade para garantir vitórias dos setores em luta e para reorganizar a classe trabalhadora a partir da problematização da relação campo-cidade.

 

A naturalização das guerras - e consequentemente a repressão aos migrantes climáticos -, a perseguição aos movimentos e a diversidade de lutas entre o Norte e o Sul Global foram mencionados como alguns dos principais desafios que a construção do movimento ecossocialista internacionalista encontrará durante seu processo de construção, e deveriam ser incluídos de forma central na agenda de debates, de forma que se possa avançar de forma propositiva a respeito destas problemáticas.

 

Por último, foi consenso que o movimento ecossocialista necessita um programa que esteja à altura do atual momento histórico, que seja construído de forma democrática e participativa, e que abarque a todos os setores radicalizados e em luta, desde uma perspectiva anticapitalista, antirracista, feminista e de superação do sistema e de todas as opressões.

 

Para alcançar o objetivo de dar continuidade ao processo de construção, inicialmente será criada uma Rede Ecossocialista Internacionalista com os coletivos e organizações que participaram dos encontros anteriores. O objetivo é a construção do programa, a coordenação de lutas em diferentes territórios e o fortalecimento do movimento ecossocialista em nível mundial, através de uma integração dinâmica que possa avançar na produção de sínteses e propostas concretas para  ações coordenadas.

 

Foi aprovada a criação de uma Rede Ecossocialista Latino-americana e Caribenha para o debate específico das problemáticas regionais, com o mesmo ânimo de construção da rede internacional. As duas propostas serão, inicialmente, animadas pelos comitês organizativos dos Encontros Ecossocialistas Internacionais.

 

Os próximos encontros presenciais estão previstos para o ano de 2025, no Brasil, e  2026, na Bélgica. O primeiro será organizado durante a COP 30, em Belém/PA, como parte da construção da Assembleia dos Povos e de forma a fortalecer a crítica contra a inutilidade das conferências. Este será o II Encontro Ecossocialista Latino-americano e Caribenho, com enfoque nas problemáticas locais. O segundo será o VII Encontro Ecossocialista Internacional, com o objetivo de fortalecer e intercambiar os processos de construção em nível global.

 

O VI Encontro Ecossocialista Internacional foi considerado o mais propositivo entre todos os que foram organizados durante os 10 anos de realização dos encontros e foi avaliado como o mais diverso programaticamente, além de ter sido o mais democrático e participativo dentro da história dos encontros.

 

O Encontro em Buenos Aires teve como anfitriões as organizações Poder Popular e Attac Argentina. O Comitê Organizativo contou com a participação da organização política Marabunta. Realizaram-se 17 mesas temáticas, abertas para ampla participação de militantes e coletivos. Ao todo, mais de 240 pessoas de 15 países assistiram as atividades de forma presencial, e mais de 500 acompanharam os debates pelas redes. A Insurgência - Reconstrução Democrática esteve presente. Foi a primeira vez que o tema “Racismo Ambiental” foi discutido em um dos encontros. Todo o financiamento necessário para a concretização do evento foi realizado por coletivos e organizações participantes. Nosso desafio, agora, é dar continuidade à organização ecossocialista no Brasil, com vistas ao encontro de 2025.

 


Acesse o vídeo da intervenção do Deputado Renato Roseno no VI Encontro Ecossocialista Internacional: https://www.instagram.com/reel/C61cIjaO5JT/?igsh=Nm5uZmdnem5oZjd3

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