Por um PSOL unitário, que enfrente a extrema-direita com autonomia e estratégia ecossocialista
- Insurgência Reconstrução Democrática
- 3 de jul.
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Carta de saída do PTL e chamado à conformação de um novo campo no PSOL

O enfrentamento à extrema-direita é a tarefa central da esquerda socialista e revolucionária na atual conjuntura. Por isso nos engajamos na eleição de Lula já no primeiro turno, em 2022, e defendemos que nossa bancada e militância se engajem na defesa de políticas progressistas propostas pelo governo e o defenda contra os ataques dos setores reacionários e neofascistas. Paralelamente, compreendemos que o enfrentamento à extrema-direita deve ser feito também por meio da formulação e apresentação de um projeto alternativo de sociedade, capaz de apresentar respostas às diversas crises que vivenciamos e que seja capaz convocar a classe trabalhadora a se auto-organizar e construir essa alternativa.
É nítida, portanto, nossa diferença em relação à estratégia de conciliação de classes petista e ao esvaziamento dos processos de mobilização que vêm sendo praticados. Os impactos e as limitações do caminho adotado pelo progressismo no mundo e no Brasil estão claros. O contínuo avanço da extrema-direita, os resultados das eleições municipais de 2024 (o que foi tema de um editorial da Insurgência - Reconstrução Democrática) e a crise de popularidade e legitimidade do governo, que sequer apresenta um programa mínimo de reformas populares, evidenciam isso. A complexa crise que vivenciamos se expressa no agravamento da crise climática, no genocídio praticado contra o povo palestino e nos conflitos que assumem, cada vez mais, um caráter abertamente bélico. Como antes, é preciso afirmar: ecossocialismo ou barbárie!
Diante desse quadro, defendemos que o PSOL mantenha sua autonomia e sua pretensão revolucionária. Não obstante, o partido enfrenta uma crise profunda. Há um esvaziamento de suas instâncias e uma forma de condução por parte das maiores organizações do PSOL que dificultam a construção de uma unidade em torno de tarefas fundamentais. Ao contrário, há uma evidente burocratização e a submissão da política partidária a interesses isolados. É o caso da decisão do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) em aceitar ser nomeado para o cargo de ministro do governo Lula e, ainda, deixar de se candidatar à reeleição, o que sinaliza uma inflexão importante na relação do PSOL com o governo Lula e quanto à estratégia do partido. Embora sua participação no governo não tenha, ainda, sido confirmada, a movimentação está posta. Trata-se de integrar um governo de composição com setores da direita e do poder econômico, em contradição com a resolução do Diretório Nacional em 2022. Situações semelhantes são vivenciadas em outros estados e municípios, o que desrespeita o partido de conjunto.
Defendemos que o PSOL siga seu caminho com independência e autonomia, buscando organizar a classe trabalhadora e os setores que vivem contradições diversas com o capital no sentido da luta cotidiana e pela transformação radical da sociedade. Um PSOL que mantenha sua posição de defesa de frentes antifascistas, de defesa do governo frente aos ataques da extrema-direita e de busca de ampliação da mobilização social. Para que cumpra esse papel, defendemos que o partido busque atuar com firmeza de princípios, radicalidade programática e em sua democracia interna, com vistas a uma atuação unitária. O processo de revisão programática em curso deve nos levar a reafirmar, atualizando, os motivos que nos levaram a construir o PSOL. É essa forma de construir o partido que poderá viabilizar que se apresente nas lutas cotidianas e também nas eleições, inclusive para que consiga romper a cláusula de barreira.
Como está nítido que o setor majoritário do PSOL tem se afastado cada vez mais da perspectiva partidária que defendemos para enfrentar os desafios do tempo presente, expressamos nossa crítica a essa política equivocada e anunciamos nossa saída do PSOL de Todas as Lutas (PTL).
Acreditamos que um terceiro campo no partido é importante para a construção de um partido vivo e pautado pelos marcos aqui expostos, por isso convocamos as organizações e a militância que compartilham tal leitura a um processo de construção dessa alternativa. O fazemos seguindo a política que tem nos orientado há meses, a partir da análise sobre os caminhos traçados por nosso partido no último período, da necessidade de constituir um novo campo partidário, propositivo, militante, que afirme um partido vivo, orgânico e que seja capaz de construir sínteses.
Essa é a tarefa histórica que o combate à extrema-direita e a necessidade de afirmação de alternativa exige do PSOL: se conectar e potencializar as lutas sociais e construir uma alternativa ecossocialista para o Brasil.
03/07/2025
Insurgência Reconstrução Democrática









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