Dia Mundial do Meio Ambiente - o que temos a comemorar?!
- Insurgência Reconstrução Democrática
- 5 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Por Cecília Feitoza

Em 2019, foi usado pela primeira vez, por um grupo de cientistas, o termo “Emergência Climática” para descrever a situação que atravessa o planeta. Longe de ser apenas um termo que tem por objetivo acionar os alarmes da sociedade para a quadra histórica que adentramos, tragédias catastróficas como as que ocorreram (e ocorrem!) agora no Rio Grande do Sul podem ser cada vez mais comuns diante de eventos climáticos extremos.
As evidências demonstram que um aquecimento além de 1,5°C trará consequências graves para a existência da vida na Terra. Os anos recentes já foram os mais quentes do registro histórico e as consequências são evidentes. Há um declínio alarmante na extensão de gelo no Ártico, na Groenlândia e na Antártida, gerando a migração e a extinção de animais e de plantas. O derretimento, que tem como uma das consequências o aumento do nível dos mares, pode trazer profundos impactos para áreas costeiras, onde vivem quase 700 milhões de pessoas em todo o globo. A morte em larga escala de recifes de corais pode ameaçar a subsistência das populações pesqueiras. A perda significativa da Amazônia com as queimadas, o desmatamento e a criação de novas áreas de pastagem para o agronegócio, ameaça a região considerada de maior biodiversidade do planeta. As enchentes e os deslizamentos que, neste momento, atingem milhares de famílias são resultantes de chuvas cada vez mais concentradas. São sobretudo os países mais pobres que, embora sejam os que menos produzem gases do efeito estufa, estão menos preparados para lidar com mudanças bruscas e podem sofrer mais com as transformações.
Mas, embora esteja ganhando cada vez mais espaço na opinião pública a necessidade de aumentar a mobilização global por cortes nas emissões de carbono e de endurecer as metas de restrição para o uso de combustíveis fósseis, está em disputa qual o modelo energético a ser adotado. Afinal, a transição energética que necessitamos precisa beneficiar sociedade e natureza e não estar a serviço, mais uma vez, do mercado e do lucro das grandes corporações - o “capitalismo verde”. Não pode ser uma “transação energética”, que retire o direito das populações tradicionais aos seus territórios reproduzindo toda lógica de racismo ambiental, porque esse modelo estará - desde o seu nascimento - fadado ao fracasso se não produzir dignidade, justiça social, soberania alimentar e climática para as populações.
É o momento de unir forças ao movimento internacional para que se mantenha um clima seguro - aquele que permite a sobrevivência e a prosperidade de comunidades, de gerações e de ecossistemas - sob pena da extinção da espécie humana e da vida no planeta.

Cecília Feitoza é bióloga e militante Ecossocialista.
Referência de imagens
Imagem final: Bloco de esquerda
Commentaires