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10 ANOS DO MAIOR CRIME AMBIENTAL DA HISTÓRIA DO BRASIL

  • Foto do escritor: Insurgência Reconstrução Democrática
    Insurgência Reconstrução Democrática
  • 5 de nov.
  • 2 min de leitura
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Por Gustavo Seferian


A ruidosa chegada das delegações para a COP30 e os passos de finos sapatos em atmosfera palaciana não podem abafar o mais ruidoso dos silêncios. No 5 de novembro de 2025 chegamos à marca dos 10 anos do desastre-crime da Samarco (Vale e BHP) na cidade de Mariana-MG, ensejando com o rompimento da barragem do Fundão e seu mar de lama o maior desastre socioambiental da história brasileira. São 10 anos sem efetivas respostas ou responsabilização empresarial e estatal, já que de arremedo em arremedo, pactuação em repactuação, buscam apenas no campo da aparência encontrar remédio ao praticamente irremediável: 19 vítimas fatais - dentre os quais 13 trabalhadores da empresa, em sua maioria terceirizados -, o Rio Doce morto e as rotas e cotidianos daquelas e daqueles que de sua vida dependiam completamente rompidas. 

 

Nenhuma medida estrutural foi promovida para lidar com as vítimas. Em que pese o processo de organização das mesmas e a luta de movimentos sociais populares diversos - MAB, MAM, povos indígenas e quilombolas atingidos, dentre outros -, foram tímidos os avanços na promoção de efetiva responsabilização e reparação. Contraditoriamente, o agir oportunista das mega-mineradoras - sendo a Vale S.A. a principal expressão, responsável ainda anos mais tarde por novo acidente resultante de rompimento de barragem, que em Brumadinho-MG resultou no maior acidente de trabalho de todos os tempos no país - gerou não a revisão de seu quadro de gestão e operação, mas a maximização de seus lucros.

 

O fechamento de minas fez alçar às alturas o preço do minério de ferro nas bolsas de valores. Mesmo com a redução - imediata, mas já superada - da produção, a Vale manteve e ampliou suas margens de lucro. Quem pena com isso são os trabalhadores e a natureza não humana, fontes de toda riqueza social e vítimas da ofensiva apropriatória do capital.

 

Denunciar o modo como a financeirização da natureza opera pela promoção de práticas diversas, que vão da negociação de acordos com vítimas à especulação imobiliária resultante da lida com as terras tomadas pela lama e seus arredores, passando pela inoculação de práticas privatistas em instituições públicas, como é o caso das universidades, por meio da atuação de fundações, é uma de nossas tarefas neste momento. Fortalecer as lutas dos movimentos sociais populares para que nunca mais se repita tal atrocidade é um dever incondicional da militância ecossocialista em nossos tempos.

 

Mar de lama nunca mais! Que a Samarco (Vale e BHP) pague pelos seus crimes e que a soberania popular se efetive nos territórios minerados!

 

Gustavo Seferian é ecossocialista e professor da UFMG

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